Bio

André Trindade é autor, terapeuta e educador. Psicólogo formado pela PUC-SP e psicomotricista com formação em Cadeias Musculares e Articulares GDS ( Bélgica), trabalhou por mais de 12 anos com Marie-Madeleine Béziers sobre as bases de sua obra, A coordenação motora. Atua em consultório e oferece cursos e palestras sobre a educação corporal na infância e adolescência. 

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Minha escolha profissional se deu cedo . Ainda durante o ensino médio, participei de um grupo de psicodrama e daí surgiu meu interesse pela psicologia . A dança veio logo a seguir e o interesse pelo movimento foi revolucionário!

Em 1980, comecei a frequentar aulas de danças folclóricas na escola de Ivaldo Bertazzo . De aluno de dança, dois anos depois, tornei-me professor . Entendi que meu caminho profissional seria entre o corpo, o movimento e a psicologia .

No momento de escolher a faculdade, hesitei entre cursar Psicologia ou Fisioterapia . Optei por Psicologia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) . Simultaneamente iniciei minha formação no Centro de Cadeias Musculares e Articulares GDS, na Bélgica, que durou quatro anos . Tive a oportunidade de estudar com Godelieve Denys-Struyf, criadora do método .

Além da graduação em Psicologia e da formação em Cadeias GDS, participei de vários outros cursos de massagem e de técnicas e ginásticas corporais: ginástica holística, massagem reflexa no tecido conjuntivo, drenagem linfática, osteopatia craniana, fisioterapia articular analítica e micro­ fisioterapia . Também vivi experiências como aluno e paciente de eutonia e da técnica de Alexander .

Em 1988, conheci Marie-Madeleine Béziers, fisioterapeuta francesa criadora do método da Coordenação Motora – com quem estudei até seu falecimento, em 2003 .

Foi depois de conhecer Béziers que aprofundei o estudo sobre a motricidade do bebê . Essa pesquisa resultou em meu primeiro livro, "Gestos de cuidado, gestos de amor". Com ela também aprendi muito sobre a escoliose idiopática do adolescente, tema que tange tanto a fisioterapia como a psicomotricidade .

A prática da dança me acompanhou ao longo de todos esses anos . O “corpo expressivo”, como apresento ao longo do livro, sempre esteve ao lado do “corpo técnico” e do conhecimento da biomecânica muscular e articular .

Viajei por países como Índia, Indonésia, Turquia, Marrocos, Espanha e Grécia, entre outros, estudando dança, sempre em busca do “movimento harmonioso” . Estudei as danças clássicas e as populares, em especial as circulares . Conheci as danças brasileiras: a ciranda, o frevo, o coco, o maculelê, o samba .

Em 1992 criei, em parceria com Betty Gervitz, o “Estúdio A&B”, no qual realizamos inúmeros projetos artísticos e educacionais que impulsionaram as danças circulares e as danças étnicas na cidade de São Paulo .

Ao longo de minha experiência clínica com atendimentos individuais em consultório, o corpo sempre ocupou espaço importante na avaliação e no tratamento de meus pacientes .

Em 1997 fui convidado, por uma escola particular da cidade de São Paulo, a desenvolver um trabalho de educação corporal com crianças de 2 a 7 anos . Naquela época, a escola já enfrentava desafios importantes, que só se agravaram ao longo das últimas décadas: a desorganização postural das crianças, o aumento da agressividade entre elas e a diminuição da capacidade de concentração e atenção .

No consultório essas mesmas questões se apresentavam no contexto individual, muitas vezes em casos graves .

A orientação dos pais já fazia parte do meu trabalho, mas com esse novo projeto eu alcançaria um número maior de crianças e famílias . Sobretudo, poderia falar com os professores .

Logo no início do projeto na escola, percebi que seria preciso envolver os professores e oferecer-lhes ferramentas que fizessem sentido em sua prática diária . Era necessário torná-los agentes criativos do processo; caso contrário, as “aulas de educação corporal”, como eram chamadas nossas atividades, representariam mais uma obrigação em sua rotina atribulada . Além disso, foi preciso traduzir o conhecimento técnico em linguagem acessível para esses profissionais .

Ao longo dos anos, fui estabelecendo uma metodologia sobre o tema da educação postural da criança e do adolescente inserido na escola . A formação dos professores de sala de aula foi fundamental para a aplicação dessa metodologia .

Nesses 20 anos, passei por muitas escolas e pude estender o projeto da educação infantil para os ensinos fundamental e médio, com resultados excelentes .

Tive a oportunidade de trocar experiências com professores, pais e profissionais da área da saúde em São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Bahia e na Bélgica .

Dei aulas para milhares de crianças e adolescentes . Aprendi muito com a experiência coletiva . Somou-se a isso a experiência do consultório, o “olhar” e a “escuta” sobre a subjetividade do movimento.